segunda-feira, 10 de março de 2014

Governo protela, mas professores continuam na luta pela nomeação dos classificados na UESPI

Professores e estudantes aguardam reunião com governo e reitoria
Após horas de espera, a representação da Adcesp e seis professoras e um professor  classificados no último concurso para docência efetiva na Universidade Estadual do Piauí (UESPI) foram recebidos por membros do governo do Estado em audiência no Palácio de Karnak. A reunião teve como pauta a necessidade e urgência da nomeação dos e das docentes classificados do concurso realizado no fim de 2011 para cargo efetivo. A validade do concurso expira na próxima semana (dia 19).


“Temos uma preocupação em pensar que durante todo esse processo temos perdido muito, não só no sentido de tempo e de energia mas de forças para a instituição também. Porque a universidade tem carência. As vagas [para professores efetivos] existem e estão sendo ocupadas na maioria das vezes por professores temporários, que não podem exercer o papel no Ensino, Pesquisa e Extensão, que é o que move a universidade. Esses professores, na maioria dos casos trabalham apenas com o Ensino, e por isso tem uma série de limitações”, afirma a professora Iraneide Silva, classificada para a docência no curso de História no campus Herois do Jenipapo, município de Campo Maior, a 81 km de Teresina. 

Mais de 100 docentes, professores e professoras, foram classificados no último concurso para docente efetivo na universidade estadual. Após 27 meses, a beira de acabar a validade do concurso, o governador Wilson Martins (PSB) e seus gestores alegam que a nomeação total dos professores afetaria a folha de pagamento, e com isso haveria desrespeito a Lei de Responsabilidade Fiscal, o que é questionável, já que os governos quase sempre manipulam dados para negar reajustes salariais e aumentar contratações. Em contrapartida, o Ministério Público (MP) aponta o cumprimento da Lei Complementar 124/2009 (Plano de Cargos dos docentes), que estabelece o prazo limite de julho de 2014 para a efetivação de todo o quadro docente da universidade (prazo esse que já foi prorrogado por mais um ano em junho do ano passado, através de uma lei, sem que houvesse acordo com a categoria docente). O MP pediu ainda a suspensão do concurso para docente temporário lançado pela reitoria no início deste ano.



Para Franklin Oliveira, pós-doutorando em Linguística e classificado no curso de Letras Português no campus Poeta Torquato Neto, em Teresina, a contratação de docentes definitivos para a casa deve ser prioridade. “Essa política de contratar professor substituto acaba prejudicando a instituição que poderia ter professores efetivos com uma boa titulação. Na época em que fui classificado para professor efetivo eu já trabalhava como substituto. Daí eu questiono esse nome substituto porque na maioria das vezes ele não está substituindo nenhum outro professor efetivo. Por isso estamos aqui reivindicando para que este concurso de substitutos e temporários seja cancelado e o governador nomeie todos os últimos classificados e faça um novo concurso para efetivos, para que a UESPI possa realmente crescer”, propõe.

“O professor temporário não se envolve tanto com a universidade como um professor efetivo porque tem um prazo a cumprir. Esses professores temporários não tem nenhum vínculo de pesquisa com a instituição, o que aconteceria se ele fosse efetivo pois já possui vínculos de produção de pesquisa no próprio contrato. A UESPI está perdendo porque a grande parte dos seus professores não tem essa possibilidade de desenvolver e participar de grupos de pesquisa” alertou o professor.



A contratação de docentes também reflete diretamente na formação acadêmica de estudantes que reivindicam mais professores da universidade e reclamam na demora e na indiferença por parte do governo em relação à instituição . “O que a gente vê é um total descaso com a Educação. Há muito tempo houve esse concurso para professor efetivo que veio com as mobilizações e reivindicações feitas em 2011, com o #SOSUESPI. A necessidade existe há muito tempo e o governador simplesmente não observa e dá as costas para a universidade. Isso demostra o descaso do governo com a Educação e com a universidade. Ele está mais preocupado com acordos políticos, acordos que vão beneficiar tão somente a um grupo ao qual ele pertence e não em relação à sociedade”, avalia Lucas Araújo estudante do curso de Direito, no campus Torquato Neto.

“A universidade cumpre um papel muito importante para o desenvolvimento do Estado e a contratação de mais professores efetivos reflete diretamente no seu funcionamento. Não deveríamos nem estar reivindicando essas nomeações isso já deveria ser uma pauta concreta que o governo deveria ter realizado de imediato. Estamos aqui justamente para fazer valer os direitos que todo cidadão tem: de ter uma boa educação, em que os professores e os estudantes sejam valorizados”, explicou Lucas.

Para a professora Iraneide a cobrança por parte da comunidade universitária se faz necessária nessas últimas semanas decisivas para a convocação dos professores classificados. “Há demanda, há vaga. No entanto a gente fica nessa queda de braço incansável com o Estado para ter uma resposta. Ao mesmo tempo também apostamos que o Wilson Martins efetive essas nomeações devido a necessidade, devido à pressão social e política tanto nossa quanto de professores já nomeados e alunos também, que estão na ponta sem aula, que estão atrasando seu curso por conta da falta de professores. Vamos buscar nossa nomeação antes desse concurso vencer”, acredita a professora que também já atuou como docente temporária na universidade.

Após a reunião com representantes do governo Estadual sem avanços concretos, as e os professores, com apoio da ADCESP e do movimento estudantil, devem focar forças no processo do Ministério Público, que tramita nas vias judiciais exigindo o cancelamento do concurso para substitutos e a nomeação dos classificados no certame de 2011. Além disso, os classificados continuarão realizando manifestações, junto com a Adcesp, para denunciar o descaso do governo que poderia, de imediato, realizar nomeações e um novo concurso para professor efetivo.


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Fonte: ACS - ADCESP

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