sexta-feira, 30 de novembro de 2018

"O PROFESSOR NÃO PODE SER REPRODUTOR DE UM MANUAL DE INSTRUÇÕES", AFIRMA PROFESSORA EM DEBATE SOBRE ESCOLA SEM PARTIDO




”Que é mesmo a minha neutralidade senão 
a maneira cômoda, talvez, mas hipócrita, de esconder 
minha opção ou meu medo de acusar a injustiça? 
"Lavar as mãos" em face da opressão é reforçar 
o poder do opressor, é optar por ele.“ — Paulo Freire



Professores e estudantes da UESPI se reuniram hoje (30/11) para debater e fortalecer a luta contra a censura nas escolas. Mesmo sem ter sido aprovado, o Escola Sem Partido tem feito estragos no dia a dia da vida escolar e ampliar as discussões em torno do assunto se tornaram cada vez mais necessária. A ADCESP e diversas sessões sindicais do ANDES-SN assumiram o compromisso de debater e apoiar ações em defesa da autonomia docente, das liberdades democráticas e de uma ESCOLA SEM MORDAÇAS!



O evento, organizado pela ADCESP e pela Turma Educação e Movimentos Sociais (2018.2), reuniu dezenas de estudantes e professores no Espaço dos Caixas Eletrônicos (CCN – UESPI). A professor Rebeca Hennemann, do Campus de Campo Maior, abordou a construção histórica em torno desse tema e as bases materiais onde o Projeto Escola Sem Partido foi construído, muito influenciado pela religião.

“É preciso assegurar a ética da responsabilidade profissional, no lugar de uma repressão da ação profissional. Quando falamos pro Professor que ele não pode falar sobre determinado tema, a gente exime o professor de ser responsável pelas suas ações e exime o aluno também. O professor não pode ser reprodutor de um manual de instruções para dizer quando, onde ou porquê", afirma a professora, que finaliza dizendo que a democracia não sobrevive em um espaço em que a educação seja amordaçada.
 
O professor Radamés de Mesquita Rogério, do Campus de Parnaíba, chamou atenção para algumas contradições políticas e ideológicas do Projeto Escola Sem Partido. “O projeto parte de um concepção que o conhecimento é neutro e se dar por um processo harmônico. Mas o conhecimento não é neutro e é resultante de conflitos. Conflitos de correntes de pensamento, sempre refutáveis”, afirma.  

Radamés destaca ainda que a ideia de que a educação deve ser imune de ideologia é, por si só, uma ideologia. “Logo, a Escola Sem Partido é uma escola de um partido. Outro pressuposto contraditório é que o professor é o único agente ideológico da escola, quando a gestão, as disciplinas e o pró´rio conteúdo didáticos são agentes ideológicos”, finaliza.


Essa foi a primeira de uma série de atividades que a ADCESP, conjuntamente com o ADNES-SN, deve organizar e participar em torno do tema. Esse é o momento de fortalecer e mobilizar a categoria contra mais esse ataque a nossos direitos e à democracia. 











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