quinta-feira, 7 de agosto de 2014

28 anos para rememorar a Universidade Estadual do Piauí


No último dia 28 de Julho, a Universidade Estadual do Piauí completou 28 anos desde o início de sua fundação, antes de ser considerada, institucionalmente, uma instituição de ensino superior (IES). Atualmente, a Uespi tem o dever de atender, através de cursos regulares, 11 cidades em diferentes macrorregiões do Estado, com 20 mil alunos por ano nos 29 cursos de graduação distribuídos pelo território piauiense. Sendo considerada a maior universidade do Estado, a UESPI forma a grande maioria dos filhos e filhas de trabalhadores e trabalhadores do Piauí e de Estados vizinhos - principalmente no interior do Estado, em especial nas áreas de Licenciatura -, que veem na nossa IES um espaço de formação na busca por uma vida melhor e com mais garantias.

Professores em manifestação da campanha SOSUESPI

A ADCESP, enquanto entidade em defesa da universidade parabeniza todos e todas que constroem, e que já construíram, a nossa instituição; ao mesmo tempo em que convida toda a sociedade para se somar às lutas por uma Educação Superior Pública de Qualidade e socialmente referenciada. Ainda não é tempo de festejar e sim de rememorar nossas lutas e conquistas, visualizando o que nos falta, tecendo novos caminhos de construção de uma instituição democrática fundamentada sobre um tripé sólido no qual possamos nos basear para contribuir efetivamente no desenvolvimento social do nosso Piauí.

Para isso, trazemos um breve histórico da fundação da Uespi para uma reflexão coletiva, buscando entender  a atual realidade de descaso da nossa instituição para assim traçar perspectivas para o futuro e construir uma universidade de verdade para aqueles e aquelas que estão por vir.

Breve histórico da Universidade Estadual do piauí - UESPI

A Universidade Estadual do Piauí tem início com a criação, em 1984, da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Educação do Estado do Piauí, criada com fins de capacitação de professores para a rede pública estadual em nível superior. 

Em 1985, através do Decreto Federal nº 91.851, passou-se a funcionar o Centro de Ensino Superior, com os cursos de Ciências (Matemática e Biologia), Pedagogia (Magistério), Letras (licenciaturas em Português e Inglês) e administração. O surgimento da UESPI desde já se projeta enquanto espaço de capacitação e formação de educadores da rede básica e fundamental do Ensino Público do Estado e de agentes administrativos da máquina pública:

“O primeiro era de assegurar a ampliação da oferta do ensino fundamental para garantir formação e qualificação mínima à inserção de amplos setores das classes trabalhadoras [...] O segundo, o de criar as condições para a formação de uma mão-de-obra qualificada para os escalões mais altos da administração pública [...] (SHIROMA; MORAES; EVANGELISTA, 2004, p. 36)". (*)

Vista aérea do campus Torquato Neto, em Teresina

Definida como universidade em fevereiro de 1993, por meio da publicação no Diário Oficial Seção 1/ 2.359, a Uespi foi autorizada a funcionar como universidade com instalação no Campus Pirajá em Teresina (antiga sede do governo Estadual), sendo também criados os campi de Parnaíba, Floriano, Picos e Corrente.

O primeiro vestibular da Uespi ocorreu em abril de 1993, para o concurso vestibular 93/2. O edital autoriza concursos na cidade de Corrente, para os Cursos de Engenharia Agronômica e Licenciatura Plena em Pedagogia com habilitação para Magistério das matérias pedagógicas do 2º Grau, e para os Cursos de Licenciatura de 1º Grau nas áreas de Ciências e Letras.

Assim a Uespi expandiu quantitativamente o ensino superior em todo o Piauí, ultrapassando divisas. De acordo com os dados dos editais dos vestibulares da Universidade Estadual do Piauí, os anos de 2001 e 2002 foram o período que a expansão do ensino superior ultrapassou as fronteiras do Estado do Piauí. Nesse período a Uespi firmou convênios com prefeituras dos Estados do Maranhão, Pernambuco e Bahia, sofrendo duras críticas até o fechamento desses pólos. Como uma universidade estadual com poucos recursos poderia investir em pólos em outros estados?

A UESPI hoje

A Universidade Estadual do Piauí conta hoje com 16 Campi, instalados em todo o Estado, além de 25 Núcleos Universitários. A falta de investimentos financeiros e de democracia interna arrisca a manutenção de um grande número de pólos e campi. Campus como o Heróis do Jenipapo, no município de Barras, já apontam a não oferta de vagas no Sisu (Sistema de Seleção Unificado). A reitoria adiantou no primeiro semestre deste ano que cursos com menos de cinco professores efetivos não terão vagas ofertadas para 2015.

Cartaz feito pelo Centro Acadêmico de Comunicação
Democracia universitária: Somente em 2009, a professora Valéria Madeira Martins Ribeiro (reitora) e Carlos Alberto Pereira da Silva (vice-reitor) foram eleitos pela comunidade universitária. A história da democracia interna na instituição ainda é recente e está em construção. Nas eleições para reitoria o voto é porporcional e não paritário. Não há montagem de chapa para as pró-reitorias, os cargos são ocupados através de nomeação do/a reitor(a) eleito. A polêmica lista tríplice, em que o governador do Estado nomeia os três mais votados candidatos à reitoria também traz uma sensação de ausência de legitimidade da comunidade acadêmica na escolha de sua representação para a administração superior da Instituição. Colegiados de curso e Conselhos de Centro ainda são esvaziados e distante, por exemplo, da comunidade discente e do corpor técnico, que ainda é muito restrito.

Núcleo da UESPI em Uruçuí, um dos pólos das mobilizações deste ano.
Os estudantes entraram em greve e realizaram manifestações no município.


Um convite para a mudança

É com um espírito transformador e participativo que convidados todas e todos, que veem na Uespi um patrimônio do Estado do Piauí, a se somarem às lutas em defesa da nossa instituição na busca por uma universidade que cumpra o seu papel social. A Uespi é um campo de desafios que nos convida diariamente para uma transformação. Sejamos protagonistas dessa história, lutemos por uma Uespi pública e de qualidade para já e para as futuras gerações. Que estas quase três décadas sejam um marco de grandes transformações que estão por vir. 

Intervenção no Karnak feita em manifestação no dia 28 de Maio,
dia Nacional em Defesa das universidades Estaduais.

Imagens: Internet
Fonte: AssCom ADCESP
Referência: (*) A História da Universidade Estadual do Piauí: origem e expansão. Teresinha de Jesus Araújo Magalhães Nogueira e Maria do Amparo Borges Ferro (UFPI)

Nenhum comentário:

Postar um comentário