O reitor da
Universidade Estadual do Piauí (UESPI), Carlos Alberto Silva, e o
secretário estadual de Administração, Paulo Ivan, não
compareceram à audiência convocada pelo Ministério Público
Estadual para tratar sobre irregularidades no corte de salários dos
docentes da Instituição de Ensino Superior. A reunião estava
marcada para acontecer nesta terça-feira, às 10h. Nem reitoria, nem o
representante do Governo do Estado mandaram representantes.
O promotor de Justiça,
Fernando Santos, autor da convocação, remarcou a audiência para a
próxima segunda-feira, às 10h. Ele afirmou que adotará “as
medidas cabíveis” em caso de reincidência de não comparecimento
das partes convocadas. Para a diretoria da Associação dos Docentes
da UESPI (ADCESP), a ausência do reitor e do secretário estadual de
Administração é mais uma demonstração da falta de disposição do governo
para
dialogar com a categoria docente, e um grande desrespeito ao
Ministério Público Estadual. A Associação também fez formalmente vários
pedidos de reunião com reitoria e Secretaria de Administração, mas não
houve sucesso.
O corte de salários
foi uma medida de retaliação do governo e reitoria contra os
docentes da UESPI, que fizeram uma forte greve no início do segundo
semestre letivo. O desconto salarial, de até 90% dos vencimentos,
foi feito sem ordem judicial e sem qualquer amparo legal, atingindo
inclusive professores que se encontravam afastados do trabalho por
licença médica. A medida trouxe graves problemas para os docentes e
familiares, gerando inadimplência no comércio, escolas dos filhos,
dentre outros compromissos financeiros e, em alguns casos, até
interrupção de tratamento de saúde.
Promotor Fernando Santos remarca audiência para próxima segunda-feira(29) |
A categoria está
disposta a repor as aulas do período em que durou a greve. Mas se os
salários não forem devolvidos, fica inviabilizada qualquer
reposição de conteúdo das disciplinas, não sendo cumprida,
portanto, a carga horária letiva obrigatória, devido à
intransigência do governo e reitoria.
Docentes e estudantes aguardam audiência, enquanto reitoria e governo agem com descaso. |
De acordo com a
presidente da ADCESP, Lina Santana, além de cortes de salários, uma
outra forma de retaliação ao movimento docente foi a abertura de
sindicância para apurar responsáveis pela ocupação da reitoria da
UESPI, realizada há mais de um mês. “Cortar salários de
professores e abrir processos contra membros da comunidade uespiana
fazem parte de uma ação deliberada do governo Wilson Martins e
reitoria, de criminalização dos movimentos sociais. É uma
tentativa de intimidação e um grave ataque ao direito democrático
de livre organização e manifestação. Isso deve ser combatido, com
todas as forças, por toda a sociedade”, afirmou Lina Santana.
Presidente da ADCESP, em entrevista, denuncia cortes de ponto e sindicância. |
A ADCESP e organizações
ligadas ao Fórum Estadual em Defesa do Serviço Público, estão
convocando reunião que acontecerá na quinta-feira (25), às 10h, no
auditório da Associação dos Docentes da UFPI (ADUFPI). Em pauta,
o processo de criminalização dos movimentos sociais no Piauí, e
aprovação de encaminhamentos para mobilização unitária das
diversas categorias.
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