Engenharia Elétrica CTU/Torquato Neto
Prezado jornalista Arimatéia Azevedo, é com muita tristeza que os professores da UESPI recebem a nota "Bolsa Doutor" publicada em sua coluna do dia 29/05/2016.
Que o estimado jornalista desconheça o plano de cargos, carreiras e salário dos docente das universidades, e mais especificamente da Universidade Estadual do Piauí, nós até entendemos a lamentável falta de conhecimento e aprofundamento no assunto. Contudo, não podemos aceitar que publique notas sem o devido conhecimento e apropriação do assunto, que atinjam a luta dos docentes da instituição e que traga informações, no mínimo mentirosas, à população em geral, principalmente em um momento em que a categoria luta pela manutenção de direitos adquiridos e reposição de perdas salariais que já duram três anos.
Diferentemente de outros profissionais que por ventura recebam "mimos" do governo (talvez o senhor conheça alguns no seu meio) a carreira Docente da UESPI não recebe estes tais "mimos", muito menos as referidas "bolsas doutor", ou ainda gratificações, sejam estas por titulação ou por dedicação exclusiva, o que levou a categoria a uma greve que dura mais de quarenta dias.
A carreira docente na UESPI não prevê tais benefícios. Nossa carreira admite duas cargas horárias de trabalho, 20 ou 40 horas, que obviamente possuem remuneração distintas. Os professores 40 horas, podem optar pelo regime de trabalho de dedicação exclusiva, no qual dedicam sua jornada de trabalho exclusivamente ao ensino, pesquisa e extensão. Estes também recebem salário maior que os professores 40 horas uma vez que possuem carga horária em sala maior e outras atribuições a mais, além de possuir dedicação exclusiva às atividades docentes.
A carreira possui ainda, classes atreladas à titulação dos docentes, sendo as classes de professor Auxiliar, Associado, Adjunto e Titular destinadas àqueles professores que possuem título de doutor. Novamente não há bolsa ou gratificação atreladas à titulação dos docentes, apenas salário, pago de acordo com o plano de cargos, carreira e salários dos docentes da UESPI.
Por falar no plano de cargos, carreira (PCCS) e salários, este sim vem sofrendo sérios ataques por parte do governo do estado, ataques estes que, dentre outras coisas, motivaram a greve da categoria. Vários docentes defenderam doutorado/mestrado ainda em junho de 2015, solicitaram mudança para classe/nível, tiveram suas mudanças autorizadas conforme regimento da instituição e conforme a lei do PCCS da UESPI, tendo suas portarias publicadas a quase um ano no diário oficial do Estado. Contudo, o governo, até o momento não implantou tais mudanças nos contracheques e somente quer reconhecer está mudança a partir de junho de 2016. Isso é justo? Trabalhadores com direitos adquiridos há quase um ano tendo seus direitos surrupiados pelo governo? Tais atitudes são ilegais e imorais, ferem a Constituição do estado que garante autonomia administrativa à UESPI e ferem leis estaduais como a lei do PCCS da UESPI. Essas agressões não são denunciadas por quê?
Acreditamos que a grande imprensa prefere fazer ataques gratuitos à categoria docente da UESPI em vez de denunciar os abusos do governo estadual. Será por receber alguns "mimos" mensais de tamanho maior que R$ 5.000,00 (bem maior pelo que se tem notícia).
Assim, exigimos que se retrate perante a nossa instituição e perante a classe docente, não só a uespiana, pois salário e reconhecimento por trabalho, títulos e produção acadêmica não é mimo.
Exigimos também que divulgue este texto na íntegra em resposta à nota constrangedora publicada em sua coluna, e que procure se informar mais antes de escrever asneiras que mancham a imagem de profissionais dedicados e trazem desinformação à população.