Nesta segunda (19) pela manhã, houve reunião na Secretaria Estadual de Administração, com membros da Associação dos Docentes da Uespi (Adcesp), Sindicato dos Técnicos Administrativos da Uespi (Sintuespi), movimento estudantil e professoras classificadas no último concurso para cargo efetivo. A comunidade universitária cobra do governo do Estado respostas imediatas a carência de professores e infraestrutura, e a baixa remuneração, no caso de docentes e técnicos. A reunião com o secretário João Henrique foi considerada muito rápida e insatisfatória. Por isso, estudantes e professores se empenham em construir um calendário de mobilizações e atos públicos para denunciar o descaso para com a Uespi e exigir soluções do governo. Para o dia 28 de maio, por exemplo, está sendo convocada uma grande manifestação no centro de Teresina, com pedido de audiência ao governador Zé Filho (PMDB).
“Vamos por etapas”. Esse foi o encaminhamento dado pelo secretário Estadual de administração, João Henrique, à nomeação de professores classificados desde a homologação do concurso de 2011. Para o secretário, a primeira etapa será a nomeação de 12 professores classificados no último certame, conforme decisão judicial, que deverão substituir 12 cargos ociosos após aposentadorias, exonerações e falecimentos.
Após o concurso de 2011, formou-se uma lista de 91 professores classificados, que podem ser nomeados mesmo após o vencimento do certame, judicializado no início deste ano. A reitoria solicitou a nomeação de 37 docentes, o que foi, de início, negado pelo governador Zé Filho. A proposta do secretário João Henrique é dividir a nomeação em etapas, o que não diminui a desconfiança por parte da comunidade acadêmica em meados do período letivo.
“É mais fácil chegarmos com a solicitação de nomeação de 25 [professores] do que de 91 ou de 100, ou de 120. Vamos trabalhar imediatamente com a nomeação dos 12 nomes. Duas semanas depois nós trabalhamos na questão dos 25 que estão faltando para fechar a lista de 37 classificados. Após isso, junto com o sindicato, nós vemos o que está faltando para completar a lista dos 91”, propôs o secretário de administração.
Para Daniel Solon, presidente da ADCESP, “a previsão legal, do próprio orçamento da UESPI deste ano, é de 100 vagas novas. Isso viabiliza a contração imediata não só de 37 classificados, mas dos 91, de acordo com a necessidade da Uespi e em comum acordo com o Ministério Público, ao mesmo tempo em se abre edital de novo concurso público para professor efetivo. A própria reitoria reconhece a necessidade imediata de 360 novos professores efetivos. Se é assim, que o edital seja para 360 vagas”.
"A própria reitoria reconhece a necessidade imediata de 360 novos professores efetivos", informou Solon. |
Para os estudantes, a reunião não respondeu a pressa que exige um fim de período letivo com mais de 400 disciplinas sem professores e amparo técnico. “Na reunião vimos que conversar, através da burocracia, não está dando certo. Sempre nos pedem 'paciência'. Acontece que há muito tempo estamos esperando. Temos certeza de que o próximo passo agora é pressionar indo para as ruas. A nossa reivindicação é que a mídia local e nacional se posicione e alerte a população sobre a nossa situação. Enquanto não tivermos nossos direitos garantidos nós vamos continuar lutando”, afirmou a estudante de Direito da UESPI de Teresina, Mona Muio Lima.
Além das demandas por professores também foram colocadas em reunião as questões acerca da falta de estrutura e de investimentos na universidade. Para isso o secretário João Henrique respondeu: “Sobre as outras reivindicações: dizem respeito ao reitor brigar por mais verbas para podermos atender porque não diz respeito somente a mim”, justificou. O reitor Nouga Cardoso e o prof. Isídio (da Preg), participaram da reunião.
As nomeações são garantidas por lei
O governo do Estado do Piauí é obrigado pela Lei Complementar nº 124/2009 a realizar a contratação de mais de 300 professores efetivos para a Universidade Estadual do Piauí ainda este ano, mediante concurso público. É mais um motivo para que a reitoria da UESPI deixe de realizar concursos para contratação de professores provisórios ou substitutos, e faça a nomeação, juntamente com o governo do Estado, dos candidatos classificados no último concurso para professor efetivo, nos cursos onde há necessidade.
Além disso, a Adcesp reivindica a realização de novo concurso público para contratação de professores efetivos ainda no primeiro semestre de 2014, para cumprimento do Artigo 47 da Lei Complementar 124/2009. Quando a Lei foi sancionada em 2009, estabeleceu-se um prazo de quatro anos para que todos os professores da UESPI fossem do quadro efetivo e que só se admitiria contratação de substitutos para, temporariamente, lecionarem em casos de afastamento de docentes do quadro efetivo (para mestrado, doutorado, tratamento médico etc). O prazo de quatro anos expirou em Julho de 2013. Em agosto de 2013, no entanto, foi aprovada nova lei que esticou o prazo para 1º de Julho desta ano. Após esta data a UESPI é proibida de contratar professores temporários e obrigada a efetivar seu quadro de docentes permanentes.
Segundo dados da própria reitoria da instituição repassados ao Ministério Público Estadual, atualmente, a Uespi possui 1.527 professores, sendo 615 temporários, o que já ultrapassa em muito os 30% exigidos pela lei.
Promotor Fernando Santos em audiência pública ao lado de representantes da Adcesp, reitoria e movimento estudantil. |
“Em agosto de 2013 expedimos recomendação ao então governador do estado e ao reitor da Uespi sugerindo a imediata convocação dos professores aprovados e classificados nos concursos públicos regidos pelos editais de 2011 e a realização de um novo concurso público para contratação de professores efetivos”, afirmou o promotor de Justiça, Fernando Santos, em audiência pública realizada na universidade no último dia 15.
“Sem a contratação dos professores aprovados no concurso de 2011 e sem a realização de um novo concurso para professor efetivo, muitos cursos serão prejudicados. Alguns cursos poderão, inclusive, ser fechados, a exemplo de Direito em Picos, Floriano e Piripiri, cujo número de professores efetivos é insuficiente para atender a demanda”, alertou o promotor.
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