Em assembleia geral amplamente divulgada, docentes
filiados/as à ADCESP, após democrático debate, resolveram se manifestar sobre o
segundo turno eleitoral de 28 de outubro, para presidente. Ressaltando os
princípios de independência e autonomia frente aos partidos e governos, a
assembleia da ADCESP deliberou por se manifestar contra a candidatura de
Bolsonaro, e INDICAR voto no 13, mas sem que isso represente qualquer apoio a
um possível governo Haddad, nos termos da resolução da Executiva Nacional da
CSP Conlutas transcrita na íntegra abaixo:
2° TURNO: É PRECISO
DERROTAR BOLSONARO, NAS URNAS E NAS RUAS, E INTENSIFICAR NOSSA
LUTA CONTRA QUALQUER UM QUE ATAQUE NOSSOS DIREITOS!
A disputa no segundo turno para as eleições presidenciais
ocorrerá entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad. Depois de 13 anos de governos
do PT e do Governo Temer, esse processo se dá num momento em que nossa classe,
com razão, está indignada com a falta de emprego, o aumento da violência e com
a roubalheira geral que tomou conta de nosso país. Uma situação que, como se
fala por toda parte, ninguém aguenta mais.
O sentimento de indignação contra tudo isso tem colocado os
trabalhadores e o povo pobre de nosso país em “pé de guerra” e mobilização.
Estamos diante de uma enorme polarização política e social contra essa que é
uma verdadeira guerra social contra os pobres.
Frente ao aprofundamento dos ataques aos direitos, temos
assistido a uma enorme disposição de luta e resistência da classe trabalhadora
que não para de fazer greves, lutas, mobilizações, retomada de territórios,
ocupações urbanas e rurais, manifestações por inúmeros temas democráticos e uma
infinidade de outras ações exercidas pelos diversos setores oprimidos e
explorados. Destacamos o protagonismo das lutas e mobilizações promovidas
pelas mulheres em todo esse período, inclusive agora quando, em meio a esse
processo eleitoral, ocorreu um novo ponto alto, no último dia 29 de setembro,
com poderosos atos e manifestações conduzidos sob a bandeira “#Elenão” contra
Bolsonaro! Também ressaltamos o fato de, recentemente, termos realizado a
maior greve geral das últimas décadas em nosso país. Portanto, nossa classe não
está derrotada. Mesmo assim, nossas condições de vida só estão piorando.
No processo eleitoral, Bolsonaro, o defensor da ditadura e da
tortura, esbanja provocações com suas propostas em defesa dos ricos, da
retirada de nossos direitos, com seu racismo, machismo e preconceito,
explicitamente assumido, contra os mais pobres e nordestinos. Ele chega ao
segundo turno e traz no seu programa de governo um elemento que não podemos
aceitar que se repita jamais em nossa história: defende abertamente a Ditadura
Militar, os torturadores e ameaça atacar as liberdades democráticas e as
organizações dos trabalhadores como, por exemplo, os sindicatos.
O chamado “fim do ativismo”, defendido por Bolsonaro,
significa uma tentativa de pôr fim ao direito de lutarmos e fazermos greves e
manifestações pelo direito à terra, à moradia ou em defesa dos nossos direitos
trabalhistas e sociais. Ele pretende ainda, na base repressão, acabar com o
direito das mulheres, negros e negras, camponeses, índios, quilombolas e LGBTs
de se mobilizarem por suas pautas. Fruto desse discurso, estamos assistindo a
brutais episódios de caráter protofascistas, com agressões, espancamentos e até
assassinato de pessoas pelo fato de expressarem sua oposição a esse projeto
excludente, opressor e defensor do fim das liberdades.
Está evidente que, nesse segundo turno, nossa tarefa é
derrotar essa candidatura nas urnas e nas ruas, pois, se eleito, Bolsonaro vai
governar e atacar as mobilizações, as lideranças e as liberdades democráticas.
Ele o fará com o apoio ativo do aparelho repressor das Forças Armadas, como ele
mesmo anuncia. É, especialmente, por esse motivo que temos de derrotá-lo.
Considerando que, no caso de ser eleito, Bolsonaro lançará
mão de mais repressão contra as nossas lutas e atacará duramente
as liberdades democráticas, como ele mesmo assume, não podemos dar-lhe um
milímetro de espaço sequer para que essa nefasta possibilidade ocorra. Por
isso, no marco da defesa da autonomia e prática da democracia operária de
cada uma de nossas entidades, chamamos nossa classe a votar contra
Bolsonaro.
Destacamos, no entanto que, para nós da
CSP-Conlutas, indicar aos trabalhadores que votem 13 neste segundo turno
para derrotar Bosonoro tem o único objetivo de impedir que o mesmo e seus
aliados cheguem eleitoralmente à Presidência da República. Dessa forma,
reiteramos a compreensão de que nossa principal arena para derrotar projetos
ditatoriais ou mesmo de colaboração de classes será sempre a luta
direta, a efetivação prática de mecanismos de autodefesa e o
enfrentamento direto contra esses projetos e seus representantes. Cabe-nos
ainda afirmar que esse posicionamento não significa alimentar nenhuma ilusão ou
apoio político ao PT, seus aliados e seu projeto de colaboração de classes,
contra o qual, aliás, sempre lutamos e tivemos de enfrentar durante mais de uma
década.
Por esse motivo, continuaremos defendendo a independência de
classe e seremos oposição a um eventual governo do PT desde o seu primeiro dia.
Somado a essa orientação referente ao segundo turno
dessas eleições, nossa Central, mais uma vez, faz um chamado imediato às
Centrais Sindicais e às organizações do movimento de massas para iniciarmos
desde já a preparação de uma nova Greve Geral. Isso é necessário porque, além
do fato de Temer estar anunciando votar a Reforma da Previdência ainda esse
ano, sabemos que, para atender os interesses do “mercado”, ganhe quem ganhe
essas eleições, virão fortes ataques aos nossos diretos trabalhistas,
previdenciários e sociais. Visando aumentar nossa capacidade de luta,
unidade e enfrentamento a esses ataques devemos nos apoiar em iniciativas e
chamados comuns dos movimentos como, por exemplo, o já construído e publicado
entre as centrais sindicais que diz: “Reforma da Previdência: Se botar pra
votar, o Brasil vai parar, de novo”!
Orientamos nossas entidades a discutirem essa resolução em
suas instâncias deliberativas, junto às bases e com o conjunto dos movimentos
sociais a fim de que, no marco da intervenção no processo das eleições, também
possamos construir, desde já, a mais ampla unidade de ação, mobilização e
resistência contra os ataques aos nossos direitos e em defesa das liberdades
democráticas.
– Ditadura nunca mais!
– Pra derrotar Bolsonaro no segundo turno, Vote 13!
– Oposição ao possível governo do PT desde seu primeiro dia!
– Em defesa de uma nova Greve Geral contra qualquer um venha
atacar nossos diretos!
– Pela revogação imediata de todas as medidas e reformas de
Temer!
– Suspensão imediata do pagamento da Dívida Pública!
– Por emprego, salário, terra e moradia!
– Aumento geral dos salários e congelamento dos preços dos
alimentos e tarifas públicas!
– Defesa dos serviços e servidores públicos!
– Prisão e confisco dos bens para TODOS os corruptos e
corruptores!
São Paulo, 11 de outubro de 2018.
Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas